Imigrantes,
Exilados e Refugiados
Linha de Trabalho Incidências
subjetivas e sociais das mudanças de país, língua e cultura.
Coordenação Ana Costa e Jaime Betts
Reunião
preparatória para a III Jornada do Instituto APPOA –
Psicanálise e Intervenções Sociais: Desamparo e Vulnerabilidades
Data: 01 de junho, sábado, às 10 horas (aberta
aos interessados)
Convidamos, a participar do encontro, aqueles que se
sintam convocados pelo tema, que será trabalhado em parceria com colegas da
Sigmund Freud - Associação Psicanalítica (SIG) e da ASAV/ACNUR.
O debate será iniciado com as intervenções de Ana Costa
(Instituto APPOA), Bárbara Conte (Sig), Alexei Indursky (Sig), Daniela Feijó
(Sig) e Aline Passuelo (Associação Antonio Vieira/Alto Comissariado das Nações
Unidas para Refugiados ASAV/ACNUR) e mediação de Ângela Becker (Instituto APPOA).
Imigrantes,
exilados e refugiados sempre existiram na história da humanidade. Entretanto, a
globalização traz dentre suas consequências uma intensificação cada vez maior
do deslocamento das pessoas ao redor do planeta.
Imigrantes,
exilados e refugiados – os estrangeiros, os diferentes, os de outra tribo – são
alvos preferenciais da hostilidade e até mesmo ódio de parte dos que são da
terra. Por quê?
Cada
língua viva constrói uma cultura específica para aqueles que a compartilham,
construção que implica uma violência simbólica que determina o que fica
excluído da mesma como tabu. Quando uma
cultura entra em contato com outra, o que é tabu para uma não necessariamente é
tabu para a outra. Quando o que é proibido de um lado é exposto pelo outro, o
mal-estar se intensifica e a hostilidade se deflagra no laço social.
Quanto
mais se recusa a violência simbólica fundadora de uma cultura e se atribui a
mesma ao estrangeiro, mais a intolerância se instala e a violência real eclode
nos corações e mentes dos ‘estrangeiros de si mesmos’ que convivem.
O
capitalismo globalizado, marcado pela tendência à dissolução de vínculos e
desigualdades nos espaços ocupados pelos grupos que se deslocam e cruzam
fronteiras, vem realizar em escala planetária o mito da Torre de Babel, mito no
qual a construção da torre (metáfora da construção da vida em sociedade) é
interrompida pela confusão de línguas, que tornou o entendimento e o convívio
no conjunto de seus construtores impossível. Afinal, a torre pertence a quem? Diante do sofrimento
subjetivo compartilhado no laço social cabe perguntar: quais as intervenções
possíveis compatíveis com a ética da psicanálise quando se cruza a fronteira de
uma língua?