28 de novembro de 2013

Visita do Projeto SIG/ Clínicas do Testemunho à Comissão Estadual da Verdade -(CEV- RS)


Dia 20 de novembro, quarta-feira, a Comissão Estadual da Verdade (CEV-RS) recebeu a visita de integrantes do Projeto SIG/Clínicas do Testemunho-RS. Estiveram presentes no encontro a coordenadora do Projeto, Bárbara Conte, e também os psicólogos  Alexei Indursky e Carlos Augusto Piccinini.

          Confira reportagem sobre o encontro no site da Comissão Estadual da Verdade (CEV-RS):
 
 

13 de novembro de 2013

SIG/Clínicas do Testemunho – Expansão Santa Catarina

            

Realizamos dias 8 e 9 em Florianópolis as atividades que marcaram a expansão do Projeto SIG/Clínicas do Testemunho para Santa Catarina. Os encontros ocorreram na sede do CESUSC,
que apoiou o trabalho e foram coordenados por Bárbara de Souza Conte, Alexei Indursky e Marilena Deschamps Silveira. Fomos amistosamente recebidos por Prudente de Mello, presidente do Complexo de Ensino Superior  de Santa Catarina - CESUSC e José de Araújo Filho, psicanalista, coordenador do Centro de Produção de Saberes e Práticas em Psicologia do Curso de Psicologia do CESUSC.

Dia 08 de novembro realizamos as Conversas Públicas, onde foi apresentado o projeto Clínicas do Testemunho para os 26 participantes do evento, professores da CESUSC, psicólogos de vários setores e estudantes. Apresentamos as metas do Projeto e demos ênfase ao trabalho de Grupo de Testemunho que será realizado nas dependências da CESUSC e será coordenado pela colega Marilena, que passa a integrar o grupo de trabalho do SIG/Clínicas do Testemunho. Apresentamos e discutimos os supostos teóricos que sustentam a proposta do Projeto, como a violência de Estado e o efeito traumático, o testemunho como forma de temporalizar a história individual e reconstruir a memória coletiva.

No sábado dia 9, com 6hs de duração realizamos a capacitação, com 23 participantes. A partir de dois filmes 15 filhos e Nietos, trabalhamos os efeitos psíquicos do trauma enquanto excesso que rompe as ligações simbólicas e seus efeitos; a importância do trabalho de elaboração e recomposição psíquica, englobando o tema do luto e da quebra dos segredos e seus efeitos transgeracionais; a importância da palavra, como acesso aos processos sublimatórios e identificatórios; e a violência em seus aspectos de repetição de um agir destrutivo e o lugar da cultura nos movimentos sociais atuais.       
           

O encontro foi extremamente produtivo em seu debate e troca de experiência. Para o próximo ano está agendado outra Conversas Públicas.  

16 de outubro de 2013

Evento em parceiria com o Clínicas do Testemunho (RJ) Grupo Clínico-Político

 
 
 
Ocorreu nos dias 4 e 5 de outubro atividade em parceria dos projetos Clínica do Testemunho/SIG e Grupo Clínico - Político (RJ). Certamente foi um experiência grupal riquíssima para os participantes e para o Projeto Clínicas do Testemunho.
 
Abaixo fotos da atividade:      
 
 
 
 
 
 
 
 











3 de outubro de 2013

SIG/CLÍNICAS DO TESTEMUNHO: RECONSTRUINDO MEMÓRIAS

                       

Sábado, 28 de setembro de 2013. Estivemos reunidos em um prédio histórico restaurado, durante   todo o dia, ouvindo colegas que trouxeram suas experiências nas áreas da história, da linguística, da psicanálise, do direito, da literatura, desde Getúlio até os protestos de rua, da época da ditadura até a lei da anistia, da violência de estado aos protestos da juventude, do desconhecimento da história à quebra do silenciamento … enfim muitas memórias reativadas que se entrelaçaram à reflexão da atualidade. Debates que ampliaram e plantaram questionamentos sobre nosso fazer enquanto profissionais e sujeitos implicados na cultura.

Agradecemos todos os que fizeram acontecer este encontro com sua falas, testemunhos e perguntas.

Foi um encontro tecido entre todos os que acreditam no poder da palavra, da temporalidade que reconstrói e da transformação  possível das vivências traumáticas em novos sentidos que dão vida.


A produção deste dia está gravada para que dela façamos um documento, um arquivo que  registre o trabalho que realizamos no Projeto SIG/Clínicas do Testemunho.                    

Bárbara Conte - coordenadora do Projeto SIG/Clínicas do Testemunho 

25 de setembro de 2013

A LEI DE ANISTIA E SEUS DESDOBRAMENTOS




A LEI DE ANISTIA E SEUS DESDOBRAMENTOS


"O propósito deste trabalho é o de produzir uma análise do discurso produzido pela Lei no 6683, mais conhecida como a Lei de Anistia, promulgada pelo General Figueiredo, em 1979. Interessa comparar a demanda do corpo social e o que foi efetivamente concedido,  interpretando os efeitos de sentido que este discurso produziu e ainda produz em nossos dias". (Freda Indursky, PPG-LETRAS-UFRGS)

Esses e outros temas serão tratatos pela doutora em Ciências da Linguagem, analista de discurso e professora do PPG em Letras da UFRGS Freda Indursky, no Encontro Multiprofissional SIG TESTEMUNHA: RECONSTRUINDO MEMÓRIAS.

Também será discutido com profissionais de várias áreas do conhecimento os temas da memória, violência de estado, trauma e transgeracionalidade, direitos humanos e justiça de transição. 


O encontro é aberto a todos os interessados e gratuito.





24 de setembro de 2013

Quem cala?Quem fala?

Quem cala?Quem fala?

Freud e a Psicanálise nos ensinam que se não estivermos apropriados de nossa história estamos sujeitos a repeti-la. Isso vale tanto para o âmbito pessoal quanto para o social. A história do Brasil se repete tal qual um ciclo, onde as marcas do passado se re-atualizam a todo o instante. Algumas marcas não são entendidas, tenta-se apagar suas origens, mas elas permanecem vivas e ressurgem quando menos se espera. São inúmeros os conflitos e guerras com motivações sociais na história do país, mas muitas vezes, esta história é transmitida de forma a elucidar o ponto de vista do opressor, esquecendo-se do oprimido, ou para ser mais específico, quem ganha a guerra conta-a, quem a perde, cala-se.

O longa-metragem de animação de Luiz Bolognesi, ‘’Uma História de Amor e Fúria’’ retrata diversas épocas do nosso país, e tendo como fio condutor a fúria pela injustiça social e o amor, atravessa o período da colonização, o período escravocrata, o regime militar, e termina em uma fictícia guerra pela água em 2096. Apesar de estarmos mais acostumados com animação para crianças, a temática é adulta. O filme conta a história do Brasil do ponto de vista daquele é derrotado nos conflitos ilustrados, seja o índio, o negro ou o militante contra a ditadura. Bolognesi é preocupado em aquecer discussões, já o fez antes em ‘’Bicho de Sete Cabeças’’ por exemplo, abrindo possibilidades para se pensar a respeito do sistema de internação manicomial e sobre o uso de drogas. No longa, a metáfora da ave fênix se faz valer, pois o protagonista é um pássaro vermelho que ressurge em forma de humano nas épocas em ocorrem esses conflitos. O que lhe dá força para lutar é o amor: é quando o pássaro encontra-se com sua amada que ele se torna humano. É este amor que lhe dá força pra lutar e continuar apesar das adversidades. O encontro profundo com outra pessoa lhe instiga a vida e lhe dá o poder da transformação.

A mensagem que fica do filme é: quem não se apropria do seu passado deixa com que ele afete e interfira seu presente e seu futuro. Diante do sofrimento somente o encontro com o outro pode curar, e é através desse encontro que se torna possível uma interlocução para poder olhar melhor para si. A Sigmund Freud Associação Psicanalítica caminha na mesma direção do filme. Através do Projeto ‘’Clínicas do Testemunho’’ a instituição propõe um espaço de escuta para as pessoas afetadas pela ditadura, para que através da Psicanálise e do encontro com o outro, como poder de transformação, haja a oportunidade para que as marcas do sofrimento da ditadura possam ser metabolizadas. Oportunidade para que essas não tornem a se atualizar e a continuar ferindo a vida das pessoas que lutaram por um país melhor. Faz parte deste projeto também, oficinas de capacitação para profissionais de diferentes áreas, para que adquiram ferramentas para identificação e formas de manejo com situações que envolvem violência de Estado. Ou seja, um cuidado para que a história que se repete no social, pare um dia de se repetir.


Poder elaborar o luto e a dor é a forma possível de se ter uma sociedade melhor, uma vida melhor. Que bom que a arte a e Psicanálise podem proporcionar experiências que engrandecem o sujeito, respeitando seus espaços e suas dores para produzir algo novo e de valor. O contexto era outro, mas serve aqui o refrão de Arnaldo Antunes: O pulso ainda pulsa.

(Lucas Krüger, psicanalista em formação pela SIG)

SIG TESTEMUNHA: RECONSTRUINDO MEMÓRIAS

Trauma e Transgeracionalidade

"A proposta é pensar o trauma como experiências de intensidade as quais desarticulam os eventos pulsionais e deixam o sujeito atordoado em sua possibilidade de pensar e de pensar-se.  Nesta via de raciocínio consideram-se três vertentes: o estímulo, a experiência  e o efeito que a excitação provoca no interior do espaço psíquico. As situações são consideradas traumáticas porque tanto colocam em risco como danificam os recursos psíquicos do sujeito. O tema convoca à reflexão sobre os desdobramentos entre dor e sofrimento e a 'recomposição' de confiança". (Eurema Gallo de Moraes)


Esses e outros temas serão tratatos pela psicanalista Eurema Gallo de Moraes no Encontro Multiprofissional SIG TESTEMUNHA: RECONSTRUINDO MEMÓRIAS.

Também será discutido com profissionais de várias áreas do conhecimento os temas da memória, violência de estado, direitos humanos e justiça de transição. 


O encontro é aberto a todos os interessados e gratuito. 




21 de setembro de 2013

SIG TESTEMUNHA: RECONSTRUINDO MEMÓRIAS.




“Sobreviver ao custo do entendimento e, também, da comunicação com os outros” (2008, p.13), assim, Giorgio Agamben nos provoca com o vivido que não encontra lugar na língua. O ponto de partida é Auschwitz. Prescruta conceitos como testemunho e arquivo da língua para enunciar que o campo de concentração que se fez, persiste a céu aberto - como paradigma biopolítico. Da experiência com adolescentes que segundo o estado cometem atos infracionais propomos uma discussão sobre o lugar da violência de Estado, e a impossibilidade de saber as leis/normas/regras que o regem. (Júlia Carvalho) 
Esses e outros temas serão tratatos pela psicóloga Júlia Dutra de Carvalho no Encontro Multiprofissional SIG TESTEMUNHA: RECONSTRUINDO MEMÓRIAS.


Também será discutido com profissionais de várias áreas do conhecimento os temas da memória, trauma, transgeracionalidade, violência de estado, direitos humanos e justiça de transição. 

O encontro é aberto a todos os interessados e gratuito. 


13 de setembro de 2013

Memórias no arquivo


Aconteceu ontem no Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul a atividade intitulada "Memórias no arquivo".

O evento faz parte do Projeto Clínicas do Testemunho/SIG e teve como objetivo discutir temas como o resgate da memória individual e social e o acesso a verdade e à Justiça.

Participaram da mesa redonda a psicanalista Bárbara Conte (coordenadora do Projeto), Nilce Azevedo Cardoso (ex-presa política da ditadura civil-militar) e Isabel Almeida (diretora do Arquivo Público do RS).

Confira as fotos!

       

28 de agosto de 2013

2da MUESTRA DE DOCUMENTALES DE DERECHOS HUMANOS

2da. MUESTRA DE DOCUMENTALES DE DERECHOS HUMANOS
"PARA MUESTRA BASTA UN BOTÓN"
 
Del 17 al 28 de setiembre
Paysandú | Montevideo | Maldonado
 
Proyecciones de documentales que tienen como temática central los derechos humanos.
 
En esta segunda edición, las películas seleccionadas, de producción uruguaya, argentina y brasileña, abordan temáticas como las violaciones a los derechos humanos durante los regímenes dictatoriales de los '70; los derechos de la juventud; la privación de libertad; el derecho al trabajo digno y a la salud mental.
 
Mediante un llamado abierto, seleccionamos estos 10 documentales que se proyectarán en dos jornadas, en las que también contaremos con charlas abiertas junto a defensores de los derechos humanos de cada ciudad donde se realizarán las exhibiciones y junto a realizadores o protagonistas de los films.
 
Entrada libre y gratuita.
 
Compartimos el calendario de exhibiciones y las sinopsis de los documentales seleccionados:
 
EXHIBICIONES:
 
17 y 18 de Setiembre de 17 a 22 hs
Paysandú: Centro Universitario de Paysandú (Montevideo 1028)
 
20 y 21 de Setiembre de 17 a 22 hs
Montevideo: Museo de la Memoria (Av. Instrucciones 1057)
 
27 y 28 de setiembre de 17 a 22 hs
Maldonado: Casa de la Cultura de Maldonado (Pérez del Puerto esq. Sarandí)
 
 
Primer día:
 
UN PERRO PSIQUIÁTRICO
Uruguay, 2010 - Duración 15 min.
A través de la historia de un perro abandonado en las instalaciones del Hospital Psiquiátrico “Vilardebó” se narra la vida cotidiana de los pacientes y la  institución. Con un estilo narrativo sencillo, impregnado de ternura y humor, asistimos a la transformación del perro en un “paciente más” lo cual permite desplegar una mirada crítica sobre los sistemas clasificatorios y el “costo” de ser de otra “raza”. Dirección: Gabriela Guillermo. Producción: Gabriel Bendahán.
 
CLASIFICADORES. ALGUNAS EXPERIENCIAS DEL TRABAJO CON RESIDUOS EN URUGUAY
Uruguay, 2013 - Duración 33 min.
El documental pretende reflejar las condiciones en las que viven y trabajan los y las clasificadores/as de residuos sólidos de nuestro país y difundir sus principales reivindicaciones en materia laboral. Dirección/producción: Pablo Costanzo Aldrighi/ Virginia Aostalli. Edición: Costanzo/ Aostalli/ N. Golpe.
 
PINTURA SOBRE LA INVASIÓN A MI SER
Uruguay, 2012 - Duración 28 min.
Ricardo Rodríguez es un talentoso y reconocido artista plástico de Carmelo, Uruguay. Durante el golpe militar fue secuestrado, torturado y encarcelado siete años, en la mejor etapa de su vida, solo por su ideología política. Cuarenta años después nos muestra una serie de pinturas realizadas en la celda y esta simbólica obra trasmite tajantemente su solitaria sombra en el angustioso cautiverio. Dirección/edición: Ricardo R. Krismanich. Producción: Ricardo R. Krismanich / Laura Ciappesoni.
 
ATLETAS X DITADURA. A GENERAÇÃO PERDIDA
Brasil / Argentina, 2007 - Duración: 32 min.
Entre 1976-1983, cerca de treinta mil personas murieron o desaparecieron en Argentina. Entre ellas, jóvenes atletas. Diecisiete jugadores de La Plata Rugby Club. Adriana Acosta, jugadora de hockey sobre pasto, el tenista Daniel Schapira y el corredor Miguel Sánchez nunca más volvieron a casa. Cuatro historias que ayudan a contar una parte olvidada de uno de los períodos más sombríos de América del Sur. Dirección/sonido: Milton Cougo. Producción: Marco Villalobos/Marcelo Outeiral. Música: Camilo Mércio. Edición: Wilson Kripka.
 
HISTORIAS DE UNA VIDA HERMANA
Brasil / Uruguay, 2013 - Duración: 25 min.
Durante la brutal dictadura enfrentada a partir de 1973 muchos uruguayos encontraron en el Movimento de Justiça e Direitos Humanos de Porto Alegre un camino de esperanza. Dirección/sonido: Marco Villalobos/Marcelo Outeiral. Fotografía: Milton Cougo. Producción: Universindo Díaz. Música: Camilo Mércio. Edición: Adriana Céreser.
 
SIETE INSTANTES
México, 2008 - Duración 90 min.
Es una historia de ex guerrilleros uruguayos, sobre todo mujeres, desde una perspectiva intimista. El documental gira en torno a los momentos de decisión y el cúmulo de dilemas éticos y emocionales en medio de una lucha colectiva. Dirección: Diana Cardozo Benia. Fotografía: Daniel Jacob, Paula Grañido, Ricardo Benet. Producción: CCC. Sonido: Fabián Oliver. Música: Lerner-Moguilevsky. Edición: Mariana Rodríguez.
 
 
Segundo día:
 
CAMPANERO, CAMBIAR LA VIDA
Uruguay, 2011 - Duración 23 min.
El Centro de Rehabilitación Campanero fue creado como banco de pruebas hacia la idea de que quienes delinquen pueden reintegrarse a la sociedad, en la medida en que sean considerados y tratados como lo que son: seres humanos. El documental da cuenta del proyecto, pero también de lo que piensan y sienten los propios internos. Dirección/producción/sonido: Adriana Nartallo/Daniel Amorío. Fotografía: Adriana Nartallo. Música: Washington Mateu. Edición: D. Amorín.
 
DIECISÉIS
Uruguay, 2013 - Duración 49 min.
Un proyecto audiovisual que busca poner en escena lo que viven, sienten y piensan 16 jóvenes uruguayos sobre su mundo, cuando el mundo decide qué lugar tiene para ellos. Se trata de dar voz a quienes están en el foco de la opinión pública pero no son escuchados, permitiendo entender otros vectores del proyecto de ley que quiere bajar la edad de imputabilidad. Dieciséis jóvenes que hablan, para que dejen de hablar por ellos. Proyecto ganador de Fondos de Iniciativas Juveniles del INJU - MIDES 2012. Dirección y fotografía: Colectivo Catalejo. Producción: Catalina Lans. Sonido: Juan Ginés/Coda sonido. Música: Aliem Rap. Edición: Colectivo Catalejo/Karen Antúnez.
 
LA ESCUELITA
Argentina, 2013 - Duración 90 min.
“La Escuelita” documenta un momento crucial en la historia de la ciudad de Bahía Blanca, pero al mismo tiempo supone, por fuera del “pago chico”, una oportunidad de tomar conciencia de las dificultades con las que debe lidiar “la memoria, la verdad y la justicia”, cuando se trata de plantear estos temas por fuera de los grandes centros urbanos. Dirección: Rodrigo Caprotti. Fotografía: Fabricio Pérez. Producción: Rodrigo Caprotti/Luisina Pozzo. Sonido: Juan Lucas. Música: LupeMusic. Edición: Rodrigo Caprotti/Lucas Boran.
 
EL ALMANAQUE
Uruguay, 2012 - Duración: 73 min.
La acción de un hombre cautivo durante más de 12 años , en su denodada lucha por resguardar detalles, por registrar la cambiante existencia a lo largo de los años, por preservar su identidad y las marcas de esos 4646 días. Dirección: José Pedro Charlo. Fotografía: Diego Varela. Producción: Ivonne Ruocco. Sonido: Alvaro Menchoso, Alvaro Rivero, Rafael Alvarez. Música: Daniel Yafalián. Edición: Federico La Rosa.
 
Primer día a las 19.30 hs
Charla con representantes de organismos de Derechos Humanos
 
Segundo día a las 19.30 hs
Charla con documentalistas
 
 
Esperamos contar con su presencia.

23 de agosto de 2013

Notícias: apresentação da peça "Para sempre: POESIA!"


Na noite de ontem, dia 22 de agosto de 2013, aconteceu a exibição da peça "Para Sempre: POESIA!" de Rita Maurício no Teatro Túlio Piva. O evento realizado foi uma parceria da artista e do Projeto Clínicas do Testemunho. Após a peça ocorreu um debate com a participação de Rita, e das psicanalistas Bárbara Conte (coordenadora do Projeto) e Karin Wondracek, ambas da Sigmund Freud Associação Psicanalítica.
Houve uma intensa conversa com a platéia que pôde dialogar sobre temas como: arte, criatividade, Psicanálise e o sofrimento humano.   
A SIG agradece a todos os presentes!   



19 de agosto de 2013

Reportagem com coordenador do Instituto Projetos Terapêuticos de São Paulo

O Brasil no divã
O médico e psicanalista Moisés Rodrigues da Silva Júnior coordena uma das Clínicas do Testemunho,o programa criado pelo Ministério da Justiça para atender vítimas da violência do regime militar: “O brasileiro se acostumou à convivência com a tortura”

Luiza Vilaméa | fotos: Luiza Sigulem


Perspectiva - O psicanalista, sobre o programa de reparação do estado brasileiro: “o testemunho é parte fundamental do processo de restauração da verdade”
A entrevista durou o tempo de uma hora clássica de psicanálise: 50 minutos. O tema da sessão de perguntas e respostas,em contrapartida, girou em torno de uma iniciativa inusitada:as Clínicas do Testemunho, um serviço de saúde mental dirigido a atingidos pela violência do Estado durante a ditadura militar. À frente de uma dessas clínicas e de uma equipe de sete profissionais do Instituto Projetos Terapêuticos de São Paulo, o médico e psicanalista Moisés Rodrigues da Silva Júnior afirma que a violência do regime deixou marcas profundas e múltiplas. “A vítima da tortura é só um protagonista de uma história que pertence a todo um povo, a uma nação.” Quando o Estado reconhece os erros cometidos por seus agentes e adota políticas de reparação, há uma inversão nas relações. “As pessoas que passavam por loucas se tornam as portadoras da verdade”,afirma o psicanalista. O instituto que ele dirige foi um dos cinco selecionados para desenvolver o trabalho, em parceria com a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.
Brasileiros – A violência dos agentes do Estado durante a ditadura aconteceu há décadas, mas os traumas persistem. Por quê?
Moisés Rodrigues da Silva Júnior – A violência não se faz só contra o corpo. A violência que se pratica contra o corpo encontra inscrição na subjetividade,no psiquismo dos violentados. Não só dos violentados, dos violentadores também, porque a tortura é fundamentalmente uma experiência de desumanização. Na tortura, o que se busca é desumanizar e tornar o torturado nulo, nada, ninguém.Essa é a marca difícil de ser superada. A marca de voltar à vida sendo ninguém, não tendo como contar isso e nem ninguém que queira ouvir.

Brasileiros – Ninguém quer ouvir?
Moisés – Tenho escutado muitíssimo as pessoas dizerem: “Mas para que mexer nisso tudo? Para que ouvir essas histórias horríveis que a gente passou, esqueceu e ficou pra trás?”. A grande verdade é que a gente não esqueceu. Só deixou apagado.E há uma grande diferença entre esquecer e apagar. O trabalho com a violência é recuperar o acontecimento, tramá-lo com palavras, e tornar essa experiência socializável, compartilhável.

Brasileiros – Como é essa história de as marcas também ficarem no torturador?
Moisés – Ninguém passa impune. O jogo da tortura é cruel. Na história do Brasil tem a presença da tortura desde o primeiro momento. O português veio educado pela Santa Inquisição. No Brasil, torturou-se índios,infiéis, negros, desviantes, comunistas.Essa é a história do Brasil. Ela contradita a imagem de democracia racial da qual nos orgulhamos. Somos um país profundamente segregacionista e violento. O que enfrentamos nesse início do século 21, e com grande esforço, é levantar os véus dessa nação e começar a ver, afinal, qual é essa alma brasileira.

Brasileiros – O agente do Estado que torturou não estava só cumprindo ordem. Ele estava dando vazão a impulsos próprios.
Moisés – Com certeza. Nós estamos aqui dando vazão aos nossos impulsos,à nossa vontade de entender, de deslindar. A existência humana é a liberação dos impulsos próprios.É isso o que o torturado não consegue.Ele fica impedido, bloqueado.Tem uma experiência dentro dele que fica enquistada. A plasticidade psíquica fica comprometida.





Brasileiros – E qual é o impacto dissoem uma criança? Em um ser em formação?Não necessariamente a torturadireta.
Moisés – Ah, a matéria da Brasileiros(Quando meninos são fichados como terroristas,edição 68) mostrou muito bem os impactos da ditadura sobre crianças.Todos eles conseguiram contar, um por um, como foi, onde eles ficaram marcados, no esquecimento, na falta de memória, na falta das referências,no medo. Por serem muito primitivas,são marcas que primam por uma indistinção.Elas são profundas, intensas,mas não carregam escrito “isto é uma marca de quem foi torturado”. A marca de quem foi torturado é o horror, a dissolução da possibilidade de conter em si a experiência.

Brasileiros – Todos sofrem então?
Moisés – A violência se faz diretamente sobre um protagonista, o torturado,mas, na verdade, atinge não apenas a ele e as pessoas em volta.Quando alguém é torturado, todo um povo está sendo atingido. Uma experiência como a que passamos no Brasil, não só de tortura, mas de conivência com a tortura, foi terrível.O povo vivia sob um signo de terror.O tempo inteiro os pais avisavam os filhos para terem cuidado, para não se envolverem com as pessoas, para não se envolverem com a política.Quando se discute a despolitização atual, tem muitos aspectos do mundo contemporâneo. Com certeza, na despolitização tem também a marca que a tortura deixou no País. E tem mais. O brasileiro se acostumou à conivência com a tortura.

Brasileiros – Como?
Moisés – O Comparato (o jurista Fábio Konder Comparato) citou em um artigo uma pesquisa em que 42% da população brasileira são a favor da tortura feita por policiais quando eles têm um suspeito nas mãos. Nesse índice está estampado como a tortura é uma prática assimilada pela população como uma forma de se obter a verdade.O custo disso é desumanizar o outro.

Brasileiros – O impacto pode, então,ser coletivo.
Moisés – Estamos falando das grandes feridas dessa nação. Somos uma nação ferida, traumatizada, que nega, coloca um véu sobre as violências do passado e simplesmente não quer falar. A grande verdade é essa. As pessoas não querem falar sobre isso.Uma quantidade imensa de pessoas guardou para si a concepção de que houve uma guerra civil no Brasil, uma guerra suja. De alguma forma, a Leide Segurança Nacional colocou que havia um inimigo interno, não alguém que resistia, que defendia. Os papéis se inverteram completamente. Como restabelecer a verdade? Fico maravilhado ao ver quase 50 comitês e comissões da verdade espalhadas pelo País. Se tem gente que quer calar e fazer calar, também tem gente que quer falar e fazer falar. O Ministério da Justiça assume esse movimento. As Caravanas da Anistia são impressionantes.


Aberto ao Público - Moisés, com a equipe do Instituto Projetos Terapêuticos, participa de debate em São Paulo

Moisés – São audiências públicas promovidas pelo Ministério da Justiça,fora de Brasília, em que se faz a apresentação de processos avaliados pela Comissão da Anistia. Há pouco tempo, acompanhei uma caravana na USP (Universidade de São Paulo). A primeira parte foi a retificação do atestado de óbito do Vladimir Herzog (jornalista morto em 1975).Clarice Herzog, junto com os filhos,lutou 38 anos para retificar o atestado de óbito do marido. Foi muito emocionante acompanhar a verdade ser restabelecida. Aquele homem não tinha se enforcado da forma grotesca que as fotos oficiais mostraram. Ele tinha sido assassinado, morreu em razão da tortura. Na audiência, a primeira coisa que a Clarice fez foi pegar o atestado e dizer: “Agora eu quero saber quem foi”. A luta continua para ela. A verdade não está toda dita. O Brasil ainda não conseguiu responsabilizar os torturadores.Clarice levantou uma bandeira de fundamental importância. No Brasil,a transição da ditadura para a democracia foi feita de uma forma completamente engessada pelos militares.
Brasileiros – Isso significa, na suaopinião, que há justificativa para osentimento de vingança contra ostorturadores?
Moisés – A questão é de justiça, não é de vingança, nem de revanche. Vivemos num Estado democrático. Temos lei.O que se quer é só a aplicação da lei, nada mais que isso. Para mim,seria suficiente se as pessoas que ocuparam de forma indevida a sua posição fossem levadas a julgamento.

Brasileiros – Muitos criticam as vítimasque expõem suas feridas, como seelas não quisessem se desapegar dopassado.
Moisés – A vítima é só um protagonista de uma história que pertence a todo um povo, a uma nação. Existe o elemento pessoal, mas tem uma chaga que é do País. Nesse sentido, as Clínicas do Testemunho ocupam lugar fundamental por que o Estado reconhece a responsabilidade por seus agentes que perseguiram, torturaram e mataram cidadãos. Isso muda completamente a história. Isso muda a possibilidade clínica. Uma coisa é atender uma pessoa com sofrimento. Outra é estar numa política de reparação em que o Estado reconhece suas culpas e suas responsabilidades.Quando o acontecido é confirmado pelo Estado, o plano sobre o qual se começa a trabalhar é outro. As pessoas que passavam por loucas se tornam as portadoras da verdade. É uma inversão bastante importante na ordem das relações.

Brasileiros – Da mesma forma queo indivíduo pode agir movido peloinconsciente, sem se dar conta, a sociedadecomo um todo pode ser movidapor traumas?
Moisés – Com certeza. O Primo Levi(escritor italiano de origem judaica,falecido em 1987) tem um relato lindo,no qual conta do sonho recorrente que tinha no campo de concentração,durante a Segunda Guerra Mundial.Ele e os companheiros dele sonhavam em um dia voltar para casa e contar tudo o que eles tinham vivido. Quando foi libertado, ele chegou em casa e começou a contar as experiências que tinha passado para seus amigos e familiares. As pessoas foram saindo de fininho da sala. Não queria me não podiam escutar aquelas histórias horríveis. Aquilo se repetiu algumas vezes até que Primo Levi percebeu que ele carregava em si o horror, o terror,que era dele, mas era também de todos aqueles que não podiam escutar aquelas histórias. Daí a pergunta:Por que é ainda tão difícil falar hoje? Por que as pessoas não querem ouvir? Isso remete diretamente aos ferimentos do terror que ficaram encriptados na história do Brasil.

Brasileiros – Qual o seu prognóstico?A tortura continua nas delegacias,nas prisões.
Moisés – Estamos em meio ao processo.Está se dando um passo bastante importante na medida em que o Estado reconhece a sua responsabilidade.Esse é o ponto fundamental. O passo que está se dando é em relação aos afetados pela violência nos anos da ditadura, mas estamos avançando.E eu me coloco completamente como a Clarice. Agora quero saber mais,e quero saber mais das violências atuais. Apesar do refluxo dos que acreditam que a questão da segurança pública se resolveria com o aumento da repressão, com a diminuição da idade penal, existem grandes porções da sociedade que pensam diferente.Nesse momento, não estamos tratando disso, mas o trabalho aponta para essas questões atuais.






Brasileiros – Como funcionam as Clínicas do Testemunho?
Moisés – São sempre trabalhos grupais.É muito importante que o relato seja sempre socializado. Grupos têm uma grande potência de mediação entre indivíduos e instituições. São lugares onde a ressonância dos afetos e a potência do acolhimento se multiplicam.Torturados que puderam voltar para a cela e serem recebidos pelos companheiros ficaram muito menos traumatizados do que aqueles que tiveram que ser hospitalizados ou foram colocados em celas isolados. O acolhimento do outro, o reconhecimento da dor, são fundamentais nesse tipo de questão que estamos lidando. A mensagem última que passa nesse tipo de situação é: será que aquilo aconteceu mesmo? Isso é a imensidão do acontecimento não podendo ser comportada na pequenez da subjetividade.

Brasileiros – Esses grupos têm característicasespecíficas?
Moisés – Há grupos que já prestaram depoimento à Comissão de Anistia,que fizeram o seu testemunho. Para eles, a questão é ver como isso afetou a sua vida. O testemunho entranha em palavras, em frases, aquilo que era sensação,o excesso de sofrimento. Ele é a possibilidade discursiva de compartilharem direção ao social, que marca o humano. Mas na construção dessas frases, muitas coisas não cabem no discurso todo. Para os grupos que estão em processo de construção do testemunho,a ideia é perguntar o que eles precisam para completar o trabalho.Não é um trabalho fácil, é a construção por escrito da história. Há ainda um terceiro grupo, de pessoas que nunca se animaram a fazer o seu testemunho,mas que têm dúvidas se o processo seria bom. É preciso arrojo, coragem,para fazer o testemunho.

Brasileiros – Mas é possível fazer o processoda anistia sem fazer o testemunho.
Moisés – Pode, mas o testemunho é parte fundamental do processo de reparação, de restauração da verdade.No Brasil, a anistia está muito mais ligada à lembrança do que ao perdão.

Brasileiros – Qual a diferença?
Moisés – Essa é uma articulação semântica fundamental. Nas caravanas,o Paulo Abrão (o secretário nacional de Justiça, entrevistado pela Brasileiros,na edição 64) se desculpa em nome do Estado brasileiro. É um momento de comoção. O Paulo Abrão é um homem que põe para vibrar toda a humanidade dele quando está falando em nome do Estado. É muito impressionante porque é como se ele pudesse, na fragilidade humana de um corpo, representar tudo o que o discurso dele comporta.

Brasileiros – As clínicas também vãoatender os familiares dos anistiados.
Moisés – Os psicanalistas húngaros Nicolas Abraham e Maria Torok trabalham no livro A Casca e o Núcleo um conceito de cripta, pensando nos lugares onde ficam inscritos os sofrimentos dissociados. Abraham e Torok falam de três tempos da situação traumática. O primeiro momento é do diretamente afetado. A experiência é indizível, na medida em que não tem palavras. Nessa primeira geração, a experiência é sensação,emoção. São os excessos. Na segunda geração, a questão é o inominável.Sobram restos de sofrimento, mas ele não mantém uma relação direta com a experiência traumática. Então,existe a sensação que não dá para ser nominada ou referida como experiência traumática. Na terceira geração, a situação é impensável. Na verdade, já virou fantasma. Faz parte daquela pergunta que você fez, esses inconscientes que ficam tomados pela história.

Brasileiros – De outras gerações?
Moisés – Esses acontecimentos ficam colocados na ordem do horror,não tendo mais a referência nem do inominável da segunda geração nem do indizível da primeira. Então, o trabalho com os filhos e os netos tem essa delicadeza de passar ou pulsar de alguma forma para retirar essas coisas que ficaram como resíduos tóxicos na vida das pessoas.Esse é um processo que conheço e pessoas que passaram geracionalmente por questões de violência conhecem, mas é diferente fazer isso tendo o Estado como responsável.Isso é novidade, algo que estamos tentando. Estamos vivendo coisas que não existiam, que não têm registro.







Brasileiros – Onde vai dar?
Moisés – Não sabemos. Nós temos montado sets, pensado nas pessoas. No edital do Ministério da Justiça para as Clínicas do Testemunho, tem o atendimento às pessoas e um segundo eixo que é de investigação, de pesquisa e criação de insumos, apontando para que se estabeleça uma política pública.O terceiro eixo é a capacitação de operadores dessas clínicas. Aqui no Instituto de Projetos Terapêuticos estamos montando umwebdoc (arquivo abertona internet com possibilidade de interação dos usuários). Chamamos outros operadores de grupos, sociólogos, historiadores,psicanalistas, para apoiara pesquisa. Gente que é da universidade,que tem metodologia. Não queremos fazer só o reconhecimento do avanço. Queremos saber quais avanços são possíveis e quais não são. A ideia é criar de verdade massa crítica para essa iniciativa.

Brasileiros – E o terceiro eixo, a formaçãode operadores?
Moisés – Para a capacitação, estamos escolhendo profissionais da rede pública, da área da saúde. Vamos também trabalhar com pessoas que atuam junto à população carcerária e às Mães de Maio (movimento de mulheres que perderam seus filhos em maio de 2006, em situação registrada pela polícia como “resistência seguida de morte”) .

Brasileiros – Seria mais fácil esquecer?
Moisés – É impossível esquecer.Tem um princípio interessante dapsicanálise que diz que, para umacoisa ser esquecida, ela primeiroprecisa ser lembrada, apropriada edepois esquecida. O Fédida (o psicanalistafrancês Pierre Fédida) dizque o luto é a elaboração que permiteque a gente encontre um lugarpara os nossos mortos, para queeles não nos assombrem. Não existe esquecer sem elaborar. Isso é a talcripta, é criar fantasmas que podem aparecer a qualquer momento e nos aterrorizar.